Diante da injustiça, a covardia se veste de silêncio (Julio Ortega) - frase do blog http://www.findelmaltratoanimal.blogspot.com/

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

A morte anunciada dos Guarani-Kaiowá


Frei Betto


A Justiça revogou a ordem de retirada de 170 índios Guarani-Kaiowá das terras em que habitam no Mato Grosso do Sul. Em carta à opinião pública, eles apelaram: "Pedimos ao Governo e à Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo, mas decretar nossa morte coletiva e enterrar nós todos aqui. Nós já avaliamos a nossa situação atual e concluímos que vamos morrer todos, mesmo, em pouco tempo”.

A morte precoce, induzida –o que nós, caras-pálidas, chamamos de suicídio– é recurso frequente adotado pelos Guarani-Kaiowá para resistirem frente às ameaças que sofrem. Preferem morrer que se degradar. Nos últimos vinte anos, quase mil indígenas, a maioria jovens, puseram fim às suas vidas, em protesto às pressões de empresas e fazendeiros que cobiçam suas terras.

A carta dos Guarani-Kaiowá foi divulgada após a Justiça Federal determinar a retirada de 30 famílias indígenas da aldeia Passo Piraju, em Mato Grosso do Sul. A área é disputada por índios e fazendeiros. Em 2002, acordo mediado pelo Ministério Público Federal, em Dourados, destinou aos índios 40 hectares ocupados por uma fazenda. O suposto proprietário recorreu à Justiça.

Segundo o CIMI (Conselho Indigenista Missionário), vinculado à CNBB, há que saber interpretar a palavra dos índios: "Eles falam em morte coletiva (o que é diferente de suicídio coletivo) no contexto da luta pela terra, ou seja, se a Justiça e os pistoleiros contratados pelos fazendeiros insistirem em tirá-los de suas terras tradicionais, estão dispostos a morrerem todos nela, sem jamais abandoná-las”, diz a nota.

Dados do CIMI indicam que, entre 2003 e 2011, foram assassinados, no Brasil, 503 índios. Mais da metade –279– pertence à etnia Guarani-Kaiowá. Em protesto, a 19 de outubro, em Brasília, 5 mil cruzes foram fincadas no gramado da Esplanada dos Ministérios, simbolizando os índios mortos e ameaçados.

São comprovados os assassinatos de membros dessa etnia por pistoleiros a serviço de fazendeiros da região. Junto ao rio Hovy, dois índios foram mortos recentemente por espancamentos e torturas.

A Constituição abriga o princípio da diversidade e da alteridade, e consagra o direito congênito dos índios às terras habitadas tradicionalmente por eles. Essas terras deveriam ter sido demarcadas até 1993. Mas, infelizmente, a Justiça brasileira é extremamente morosa quando se trata dos direitos dos pobres e excluídos.

Um quarto de século após a aprovação da carta constitucional, em 1988, as terras dos Guarani-Kaiowá ainda não foram demarcadas, o que favorece a invasão de grileiros, posseiros e agentes do agronegócio.
Participei, no governo Lula, de toda a polêmica em torno da demarcação da Raposa Serra do Sol. Graças à decisão presidencial e à sentença do Supremo Tribunal Federal, os fazendeiros invasores foram retirados daquela reserva indígena.

No caso dos Guarani-Kaiowá não se vê, por enquanto, a mesma firmeza do poder público. Até a Advocacia Geral da União, responsável pela salvaguarda dos povos indígenas –pois eles são tutelados pela União– chegou a editar portaria que, na prática, reduz a efetivação de vários direitos.
O argumento dos inimigos de nossos povos originários é que suas terras poderiam ser economicamente produtivas. Atrás desse argumento perdura a ideia de que índios são pessoas inúteis, descartáveis, e que o interesse do lucro do agronegócio deve estar acima da sobrevivência e da cultura desses nossos ancestrais.

Os índios não são estrangeiros nas terras do Brasil. Ao chegarem aqui os colonizadores portugueses –equivocamente qualificados nos livros de história de "descobridores”– se depararam com mais de 5 milhões de indígenas, que dominavam centenas de idiomas distintos. A maioria foi vítima de um genocídio implacável, restando hoje, apenas, 817 mil indígenas, dos quais 480 mil aldeados, divididos entre 227 povos que dominam 180 idiomas diferentes e ocupam 13% do território brasileiro.
Não adianta o governo brasileiro assinar documentos em prol dos direitos humanos e do desenvolvimento sustentável se isso não se traduzir em gestos concretos para a preservação dos direitos dos povos indígenas e de nosso meio ambiente.

Bem fez a presidente Dilma ao efetuar cortes no projeto do novo Código Florestal aprovado pelo Congresso. Entre o agrado a políticos e os interesses da nação e a preservação ambiental, a presidente não relutou em descartar privilégios e abraçar direitos coletivos.
Resta agora demonstrar a mesma firmeza na defesa dos direitos desses povos que constituem a nossa raiz e que marcam predominantemente o DNA do brasileiro, conforme comprovou o Projeto Genoma Humano.

[Frei Betto é escritor, autor da novela indigenista "Uala, o amor” (FTD), entre outros livros.http://www.freibetto.org - Twitter:@freibetto.
Copyright 2012 – FREI BETTO – Não é permitida a reprodução deste artigo em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização do autor. Se desejar, faça uma assinatura de todos os artigos do escritor. Contato – MHPAL – Agência Literária (mhpal@terra.com.br)].

Crianças falam sobre adoção de animais

TVBrasil

O TV Piá trouxe crianças de Brasília e Goiás Velho para falarem sobre a adoção de animais. Elas contaram o que as fez adotarem seus animais de estimação e quais os seus bichinhos preferidos. 




domingo, 4 de novembro de 2012

Babaçu

Do sítio Um pé de quê? - Regina Casé



BAGUAÇUÍ, UAUAÇU, AGUAÇU, BAUAÇU, COCO-DE-MACACO, COCO-DE-PALMEIRA, COCO-NAIÁ, COCO-PINDOBA, GUAGUAÇO

NOME CIENTÍFICO
Attalea speciosa Mart. ex. Spreng.

FAMÍLIA
Arecaceae

CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS:

ÁRVORE solitária, de 10-30 m de altura.

TRONCO de 30-60 cm de diâmetro.

FOLHAS eretas, distribuídas em número de 15-20 por coroa, com 4-8 m de comprimento, e com média de 175-260 pares de folíolos regularmente dispostos ao longo de toda sua haste central.

FLORES masculinas e femininas em um mesmo cacho, ou muito raramente em árvores diferentes, em “babaçu-macho” e “babaçu-fêmea”. As flores “macho” distribuem-se em duas fileiras por cacho, e apresentam 3 sépalas de 1-2 mm de comprimento e quase sempre 2 pétalas, mais largas. Ao todo são 4-6 cachos por planta, sustentados por hastes de 70-90 cm de comprimento que surgem por entre as folhas.

FRUTO de 10-12 cm de comprimento e 5-10 cm de diâmetro, de casca dura e marrom, dotado de polpa seca, farinhenta e de coloração creme na maturidade, e de um caroço escuro e rijo, que contém de 1-8 sementes.

SEMENTE trata-se de uma amêndoa oleaginosa e branca, de 4-5,5 cm de comprimento, com média de 1 cm de espessura.

FLORAÇÃO ocorre entre os meses de janeiro e abril. Os frutos amadurecem em agosto-janeiro.

USO/ÁRVORE ornamental e pode servir ao paisagismo em geral.

USO/MADEIRA moderadamente pesada, mole, e de baixa durabilidade em ambientes externos. Utilizada localmente nas construções rústicas, como esteios e ripas.

USO/OUTRAS UTILIDADES As folhas e espatas são empregadas como cobertura de ranchos. A amêndoa verde fornece um leite muito nutritivo e da amêndoa madura extrai-se um óleo alimentício de boa qualidade, com o qual se fabrica manteiga, sabões e sabonetes, velas etc. Da polpa do fruto faz-se uma farinha alimentar, e se aproveita a casca para carvão. O caule contém palmito, que também é consumido. Atualmente o babaçu é pesquisado para biodiesel.

OBTENÇÃO DE SEMENTES Colher os frutos diretamente da árvore quando iniciarem a queda espontânea, ou recolhê-los no chão após a queda. Não há a necessidade de despolpá-los para semeadura. Caso interesse armazenar as sementes, secá-las parcialmente com polpa.

PRODUÇÃO DE MUDAS Colocar os frutos ou os caroços para germinação logo que colhidos em canteiros ou diretamente em recipientes individuais contendo substrato organo-argiloso. A emergência ocorre em 4-6 meses. Transplantar as mudas dos canteiros para embalagens individuais quando atingirem 5-8 cm. O desenvolvimento das mudas é lento, enquanto o das plantas no campo é moderado.

REFERÊCIA BIBLIOGRÁFICA
LORENZI, Harri. Árvores Brasileiras Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas Nativas do Brasil. Vol. I. Editora Plantarum, Nova Odessa, São Paulo, 1992, p. 284 | Palmeiras no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa (SP): Plantarum, 1996, 198 p | MITJA, D.; SOUSA-SILVA, J.C.; MELO, S. L.; CHAIB FILHO, H. “Biometria dos frutos e sementes de babaçu”. IN “Simpósio e Congressos - Edição: 9”. 2008: Embrapa Cerrados, Natividade-TO.



sábado, 27 de outubro de 2012

terça-feira, 23 de outubro de 2012

GALACTOLATRIA: MAU DELEITE

Sônia T. Felipe (2012). São José: Ecoânima, 304 p.

O leite e seus derivados são alimentos pretensamente conhecidos por boa parte dos humanos, especialmente no ocidente. Quase todos que os consomem os idolatram. A alvura do leite evoca pureza, limpeza, saúde, desejáveis em qualquer alimento. Mas essa ilusão de pureza e saúde desaparece assim que o universo galactômano e galactocrata é descortinado, uma ação levada a efeito pela autora ao longo de dez anos de pesquisa, entre 2002 e 2012. Galactolatria: mau deleite era o livro que faltava, no Brasil, para ajudar as pessoas a conhecerem melhor o leite que ingerem e a realidade da vida das vacas das quais ele é extraído.
COM QUEM COMPRAR

Belo Horizonte/MG
Aleluia Heringer aleluiahl@yahoo.com.br
Laszlo Aromaterapia showroom@laszlo.ind.br 
Curitiba/PR
Rosana Gnipper rosanagnipper@gmail.com
Everton Gonçalves (Grupo ONCA - Libertação Animal) ever_goncalves@yahoo.com.br
http://www.onca.net.br / http://www.facebook.com/OncaAnimal

Florianópolis/SC
Sônia T. Felipe galactolatria@gmail.com

Joinville/SC
Laura Packer laurapacker@terra.com.br

Londrina/PR
Marcela Godoy biogodoy@yahoo.com.br

Maringá/PR
Evely Libanori liveorama@gmail.com

Parati/RJ

Ponta Grossa/PR
Andresa Jacobs(Veganos Abolicionistas) andresa.jacobs@gmail.com
Marcela Godoy biogodoy@yahoo.com.br

Porto Alegre/RS

Rio Grande e Pelotas/RS
Marcia Chaplin (Grupo pela Abolição do Especismo - GAE) marciachaplin@vetorial.net
Fones (53) 3232.9588 / 8454.6826 / 9126.3401 / 8134.8440

São José/SC
Sônia T. Felipe galactolatria@gmail.com

São Leopoldo/RS
Márcio Linck marcio@linck.com.br

São Paulo/SP
Fernanda Franco ANDA fernandavegan@yahoo.com.br
Leon Denis leondenisf@yahoo.com.brhttp://www.facebook.com/leon.denis.940
George Guimarães VEDDAS nutriveg@terra.com.br
Nina Rosa INSTITUTO NINA ROSA inr@institutoninarosa.org.br
Tamara Bauab Levai tamybec@hotmail.com
Fabio Freitas (Fabiü) fa.biu@hotmail.com

domingo, 14 de outubro de 2012

Arte em pneus


A ONG Arte em Pneus transforma resíduos em arte, inclusão social, ecomobiliários e brindes sustentáveis.











quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Pracaxi dá adeusinho às estrias

Sementes de pracaxi - Foto: Luiz Moraes/Amazon Oil


A sanfona do engorda-emagrece mais cedo ou mais trade deixa seu rastro de marcas nos bumbuns, seios, barrigas, pernas e braços da nação. As famigeradas estrias não perdoam quem tem tendência hereditária ou simples má sorte com a elasticidade da pele. E, embora afetem mais as mulheres, também castigam os homens.

Para complicar a vida de quem quer exibir decotes, regatas, alcinhas, shorts e minissaias, a grande maioria dos cosméticos é preventiva: uma vez instaladas, as tais marcas já não têm remédio à base de creminhos. Só mesmo cirurgias, lasers e demais intervenções radicais.

Pois estas “verdades universais” podem ser abaladas pelo óleo de uma árvore amazônica, chamada pracaxi (Pentaclethra macroloba) ou pracachy, na versão conhecida no exterior. Trata-se de uma Fabaceae (antes chamada de leguminosa, por ter os frutos em forma de vagens) de até 14 metros de altura, geralmente encontrada nas várzeas, desde a Nicarágua até a Amazônia brasileira.

A safra ocorre nos meses de fevereiro e março, quando as favas de 20 a 25 centímetros são coletadas nas praias e nas margens dos rios. Cada fava tem de quatro a oito sementes, na qual o óleo é extraído após cozimento e maceração.

Entre os ácidos graxos presentes no óleo estão o láurico e o mirístico, também encontrados no muru-muru; o linoleico, presente no abacate; e, o mais importante, uma alta concentração de ácido beênico, responsável pela hidratação profunda da pele.

O ácido beênico é encontrado no amendoim (cujo aroma parece com o do pracaxi), na colza e nas sementes de acácia-branca e já é utilizado pela indústria cosmética como alisante em condicionadores e hidratantes para cabelo. Mas a concentração desse ácido graxo raro no pracaxi é bem maior, daí seu potencial em cremes e hidratantes para o tratamento – e não só a prevenção – de estrias.

“O óleo de pracaxi está se transformando em um produto cosmético fantástico, capaz de reverter estrias”, afirma o químico Luiz Moraes, diretor da Amazon Oil, empresa sediada em Ananindeua, no Pará. Ele faz questão de dizer que trabalha “de braços dados com a academia” e colabora fornecendo amostras para “qualquer instituição que bata à porta”, com o objetivo de desenvolver novos produtos e nichos de mercado para os óleos amazônicos.

“Esses óleos dependem do mercado para que haja um fluxo de colheita e a certeza de comercialização”, continua Moraes. “Moro na Ilha de Marajó e minha empresa é de amazônidas: sei o que acontece com os povos da floresta quando seus produtos não são comercializados. Quem sente é quem está na floresta”.
“Nosso principal gargalo chama-se demanda”, continua ele. “A indústria ainda não acredita que esses produtos oriundos da floresta possam ter qualidade, com continuidade de oferta e preço estável”. Quem sabe no caso do pracaxi o gargalo se desfaça. Estrias é que não faltam para garantir a demanda!

Óleo de pracaxi: www.lojagerminar.com.br

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Café contra a Dengue


Anote uma receita caseira de combate ao mosquito da dengue, baratíssima, simples e com eficiência comprovada cientificamente: borra de café.



A população de todo o Brasil pode ajudar nos trabalhos realizados pelas secretarias de saúde de combate ao mosquito transmissor da dengue. A receita é prática e simples e não envolve uso de venenos ou inseticidas perigosos à saúde humana ou dos animais.

A proliferação do mosquito da espécie Aedes aegypti, que transmite a doença, pode ser combatida colocando-se borra de café nos pratinhos de coleta de água dos vasos, nos pratos dos xaxins, entre as folhas das plantas que acumulam água, como as bromélias e nos locais da casa em que a água se acumula e fica parada, como ralos.
O único trabalho que você terá é colocar aquele pó úmido que resta depois do café ser coado.

A descoberta que revelou que a borra de café combate com eficiência o Aedes aegypti é da cientista e bióloga Alessandra Laranja.

Ela é pesquisadora do Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), campus de São José do Rio Preto.
Os testes realizados em laboratório comprovaram que a borra de café - que fica depositada no coador, é uma arma muito eficiente contra o mosquito transmissor da dengue.

A borra depositada nos pratinhos e reservas de água de plantas impede que o mosquito transmissor da dengue ponha seus ovos.

Se o Aedes aegypti já tiver desovado, mesmo assim, a borra de café consegue impedir que os ovos se desenvolvam em larvas. Em seu estudo, a bióloga mostrou que a cafeína da borra de café altera as enzimas chamadas esterases, responsáveis por processos fisiológicos fundamentais como o metabolismo hormonal e da reprodução do Aedes aegypti. Anote agora a receita caseira para combater o mosquito da dengue com borra de café:

Para fazer a solução que pode ser aplicada em pratos, plantas ou até mesmo jardins e hortas que acumulem água você vai precisar de 2 colheres das de sopa de borra de café misturadas em meio copo de água. Depois de pronto você já pode começar a aplicar o conteúdo.
Se precisar de mais, faça sempre na proporção indicada, ou seja, 2 colheres de borra de café para cada meio copo de água.

Outra receita com a borra de café é usá-la diretamente nos vasos, sem a diluição em água. Desta maneira você estará também adubando de forma ecológica as plantas. A diluição da borra de café vai acontecer naturalmente, na medida em que a planta for regada.

Não se esqueça que a borra de café pode ser aplicada também em outros locais da casa que acumulem água como, por exemplo, nos ralos e até mesmo na terra do jardim ou poças que se formam com a água da chuva.

E lembre-se, ajude o Brasil na luta contra a dengue. Faça propaganda boca-a-boca, informe seus amigos e familiares, dissemine esta receita que é barata, simples e acessível. Além de saborear o bom e velho "cafezinho" brasileiro, você poderá contribuir com a melhoria do seu meio ambiente e da saúde pública.


(Fonte: Jornal do Commercio - www.jornaldocommercio.com.br  e
Boletim Raízes da Terra www.cesamep.cjb.net )

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Muru-muru: Luiz Morais no Planeta Sustentável

Foto: Liana John (coquinhos de murumuru/Médio Juruá, AM)


Junto aos xampus e condicionadores, nas prateleiras de supermercados, hoje é fácil encontrar pequenos frascos contendo um óleo transparente: o reparador das pontas dos cabelos. Feito à base de silicone, um derivado de petróleo, esse oleozinho forma uma camada protetora nos fios, cuja função é minimizar os danos causados por poluição, poeira, excesso de sol e outras agressões cotidianas. O “escudo” milimétrico realmente protege os cabelos, talvez até demais, pois não deixa nem o ar passar.

Como o reparador de pontas, existem também diversos produtos cosméticos à base de silicone para a pele. Igualmente eficientes e superprotetores.

Todos esses produtos têm um substituto vegetal, oriundo lá da Amazônia profunda, como se costuma chamar a porção mais interior da grande floresta. Nas várzeas e matas periodicamente alagadas (igapós) – notadamente da Ilha de Marajó e do vale do Juruá, entre o Acre e o Amazonas – cresce uma palmeira cheia de espinhos conhecida como murumuru (Astrocaryum murumuru). Dela se extrai uma manteiga com as mesmas propriedades protetoras do silicone. “A diferença é que o murumuru permite a respiração”, afirma o químico Luiz Morais, proprietário da empresa Amazon Oil, sediada em Ananindeua, no Pará.

Quando pequeno, em Marajó, Morais sempre via a avó preparar o sabão de murumuru com casca de cacau: primeiro ela moía tudo no pilão, depois fervia com água e separava o óleo na superfície da panela. “Na época da minha avó, só rico é que tinha xampu. O resto lavava os cabelos com sabão feito em casa, mas antes passava o óleo de murumuru para ficarem sedosos e brilhantes”, lembra. Mal sabia ele, então, que acabaria estudando as propriedades químicas dos produtos da floresta e passaria a beneficiar seus óleos para comercializá-los em todo o país e no Exterior.

Em especial, segundo ele, o murumuru contém alto teor de dois ácidos graxos saturados de cadeia curta – o láurico (44%) e o mirístico (30%) – ambos importantes para a proteção da pele e dos cabelos. A gordura desse coquinho também é branca, inodora e não fica rança com facilidade, de encomenda, portanto, para uso industrial. Sem contar o detalhe do ponto de fusão (32,5 graus centígrados), superior ao do dendê (25 graus centígrados) e do coco (22,5 graus centígrados), uma vantagem na produção de sabonetes e cremes.

Os produtos à base de murumuru são nutritivos, emolientes, hidratantes eantioxidantes. “E os xampus têm a propriedade de clarear os cabelos naturalmente”, acrescenta o empresário. Além de fornecer a manteiga a indústrias cosméticas, ele também a vende como alimento funcional (antioxidante sólido), para a fabricação de substitutos de margarina, e como matéria primafarmacêutica, para servir como veículo de supositórios.

E não é só isso: diversos pesquisadores testam o óleo de murumuru comobiocombustível ou na alimentação de pequenas usinas térmicas. Este foi o caso de um experimento realizado em 2008 pela Universidade Federal do Pará (UFPA) em parceria com a Eletronorte, para gerar eletricidade em comunidades isoladas do vale do Juruá. O processo usado foi o de gaseificação do óleo vegetal, desenvolvido pelo engenheiro mecânico da Universidade de Brasília (UnB), Carlos Alberto Gurgel Veras. A mini usina também pode ser alimentada com resíduos de madeira, sementes de açaí, cascas de babaçu e outros subprodutos do extrativismo disponíveis.

E pensar que para muitos ribeirinhos a palmeira do murumuru costumava ser um estorvo, por causa dos espinhos… Quem sabe um dia a planta venha a ser domesticada e os melhoramentos incluam a produção de variedades sem espinho. Mercado para isso existe, já que não nos faltam poluentes e agentes externos para estragar pele e cabelos!

Movimento Ocupa Monsanto chama população mundial a participar de atos contra a transnacional

http://occupy-monsanto.com

A intenção é fazer com que a transnacional dos transgênicos recolha seus produtos das prateleiras e os leve de volta para os laboratórios


Por Natasha Pitts - Adital


No próximo dia 17, o movimento “Ocupa Monsanto” realizará em várias partes do mundo um grande protesto contra a maior produtora de transgênicos, a empresa estadunidense Monsanto, e o uso de produtos e organismos geneticamente modificados (OGM). A intenção é fazer com que a transnacional dos transgênicos recolha seus produtos das prateleiras e os leve de volta para os laboratórios, de modo que eles não cheguem até as pessoas para contaminá-las e prejudicá-las.
A principal manifestação acontecerá na cidade de Saint Louis, condado do estado de Missouri (EUA). A concentração será nas "portas do mal”, como é chamada a sede da Monsanto, seus locais de pesquisa e os escritórios da empresa. Também estão previstas ações em mais de 60 cidades da Argentina, Alemanha, Canadá, Filipinas, entre outros países.
"A população está preocupada pela evidência de que os alimentos transgênicos afetam a saúde humana, mas os políticos e as empresas ignoram o protesto político contra os produtos com modificações genéticas para proteger seus grandes benefícios”, assinalou Rica Madrid, de Ocupa Monsanto, ao site do movimento.
As manifestações orquestradas que acontecerão em vários países dia 17 já tiveram uma prévia há seis meses. Em março aconteceu o “Dia de Ação Global” com a realização de atividades em países da África, na maioria dos países da Europa, em toda América Latina, na Austrália e em várias partes da Ásia.
Organizações e ativistas realizaram seus próprios eventos nos lugares escolhidos por eles durante um ou dois dias com o intuito de chamar atenção e fazer com que a transnacional dos transgênicos ouça a voz da população mundial.
Na grande manifestação do dia 17, a intenção é conseguir fazer ainda mais barulho e levar o maior número possível de pessoas para se engajar nas ações. Por isso, além de ser convidada a participar cada pessoa é chamada também a difundir a ação que vai acontecer em sua cidade/país. Nas redes sociais, sites e blogs, o movimento pede que cada pessoa divulgue uma imagem como as palavras ‘Ocupa Monsanto’.

Monsanto
A transnacional Monsanto é responsável pela produção de 90% dos transgênicos plantados no planeta e é também líder no mercado de sementes. Esta posição faz com que a empresa esteja no centro dos debates sobre as implicações da utilização de grãos geneticamente modificados. Monsanto também é severamente criticada porque não leva em consideração os custos sociais e ambientais associados a sua atuação.
A empresa ainda é acusada de biopirataria, de contrabando de sementes, de manipulação de dados científicos e também de ser responsável pelo suicídio de agricultores indianos, que se endividaram por conta dos altos custos de sementes transgênicas e de insumos químicos necessários às plantações de transgênicos.
Por estes motivos surgiu na Índia e está crescendo em regiões do continente latino-americano campanhas e movimento contra a Monsanto. No Brasil, o movimento campesino promove iniciativas de soberania alimentar alternativa e conscientização sobre a não aceitação dos transgênicos. No Haiti, campesinos/as recusaram a "doação” de sementes enviadas pela empresa após o terremoto de janeiro 2010. E assim vários outros países estão tentando combater a entrada desde produtos em suas terras.