Sementes de pracaxi - Foto: Luiz Moraes/Amazon Oil |
Por Liana John
A sanfona do engorda-emagrece mais cedo ou mais trade deixa
seu rastro de marcas nos bumbuns, seios, barrigas, pernas e braços da nação. As
famigeradas estrias não perdoam quem tem tendência hereditária ou simples
má sorte com a elasticidade da pele. E, embora afetem mais as mulheres, também
castigam os homens.
Para complicar a vida de quem quer exibir decotes, regatas,
alcinhas, shorts e minissaias, a grande maioria dos cosméticos é
preventiva: uma vez instaladas, as tais marcas já não têm remédio à base de
creminhos. Só mesmo cirurgias, lasers e demais intervenções radicais.
Pois estas “verdades universais” podem ser abaladas pelo óleo de
uma árvore amazônica, chamada pracaxi (Pentaclethra macroloba) ou
pracachy, na versão conhecida no exterior. Trata-se de uma Fabaceae (antes
chamada de leguminosa, por ter os frutos em forma de vagens) de até 14 metros
de altura, geralmente encontrada nas várzeas, desde a Nicarágua até a Amazônia
brasileira.
A safra ocorre nos meses de fevereiro e março, quando as favas de
20 a 25 centímetros são coletadas nas praias e nas margens dos rios. Cada fava
tem de quatro a oito sementes, na qual o óleo é extraído após cozimento e
maceração.
Entre os ácidos graxos presentes no óleo estão o láurico e
o mirístico, também encontrados no muru-muru; o linoleico,
presente no abacate; e, o mais importante, uma alta concentração de ácido
beênico, responsável pela hidratação profunda da pele.
O ácido beênico é encontrado no amendoim (cujo aroma parece
com o do pracaxi), na colza e nas sementes de acácia-branca e já é utilizado
pela indústria cosmética como alisante em condicionadores e hidratantes
para cabelo. Mas a concentração desse ácido graxo raro no pracaxi é bem maior,
daí seu potencial em cremes e hidratantes para o tratamento – e não
só a prevenção – de estrias.
“O óleo de pracaxi está se transformando em um produto
cosmético fantástico, capaz de reverter estrias”, afirma o químico Luiz
Moraes, diretor da Amazon Oil, empresa sediada em Ananindeua, no Pará.
Ele faz questão de dizer que trabalha “de braços dados com a academia” e
colabora fornecendo amostras para “qualquer instituição que bata à porta”, com
o objetivo de desenvolver novos produtos e nichos de mercado para os óleos
amazônicos.
“Esses óleos dependem do mercado para que haja um fluxo de
colheita e a certeza de comercialização”, continua Moraes. “Moro na Ilha de
Marajó e minha empresa é de amazônidas: sei o que acontece com os povos da
floresta quando seus produtos não são comercializados. Quem sente é quem está
na floresta”.
“Nosso principal gargalo chama-se demanda”, continua ele. “A
indústria ainda não acredita que esses produtos oriundos da floresta possam ter
qualidade, com continuidade de oferta e preço estável”. Quem sabe no caso do
pracaxi o gargalo se desfaça. Estrias é que não faltam para garantir a demanda!
Óleo de pracaxi: www.lojagerminar.com.br