Natasha Pitts
Jornalista da Adital
Na tarde desta sexta-feira (15), os olhares da Cúpula dos
Povos se voltaram para o Lançamento da Rede Brasileira da Carta da Terra. A
atividade teve a participação do teólogo e escritor Leonardo Boff, de Miriam
Vilela, integrante da Carta da Terra Internacional, de Maria Alice Setubal, do
Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS) e de Ana Rúbia, da Associação
Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente (Abrampa).
A Rede, até o momento, está formada por 30 organizações que
buscam chamar atenção à importância da Carta da Terra para a sustentabilidade. A
iniciativa tem como
principal intuito organizar a sociedade civil para demandar que os princípios
presentes na Carta sejam inseridos na legislação brasileira e nas políticas
públicas.
Ana Rúbia conversou com os\as participantes sobre temas como
as dificuldades para se implementar as legislações internacionais e como prova
citou a Agenda 21, que por ser vinculante já deveria ter sido implementada
pelos Estados, o que não aconteceu. Rúbia também focou na necessidade de se
propor uma agenda positiva.
Já Maria Alice chamou os presentes a pensarem em si como cidadãos
planetários, "que precisam superar juntos os problemas, e aprender a
respeitar e a cuidar de si e do planeta” para que algo comece a mudar
verdadeiramente no mundo.
A fala mais esperada da tarde foi a de Leonardo Boff, que
arrancou aplausos de começo ao fim de sua intervenção sobre a importância da
Carta da Terra. Logo em suas primeiras palavras o teólogo deixou claro por qual
motivo este importante documento, com mais de dez anos, não é divulgado
amplamente.
"A Carta da Terra não é divulgada porque não é
digerível, ela é indigesta pelo mundo capitalista e exige mudanças que mostram
a realidade que queremos. E nós temos que ir em busca dessa mudança, pois o
futuro que preparam para nós na Rio+20 é nos colocar na beira do abismo”, manifestou.
O teólogo considera que a Carta da Terra é o documento que
verdadeiramente marca o início do século XXI e mesmo tendo dez anos, ela
continua importante para o momento que a humanidade vive hoje.
Boff também chamou a defender a Carta, pois ela é fruto de
uma grande consulta, e "nasceu do grito da Terra, de baixo, dos quilombolas,
negros, indígenas, universitários, do povo, e parece que tem algo do Espírito
Santo nela”.
Lembrou ainda que no dia 22 de abril de 2009, a Organização das
Nações Unidas aprovou as reivindicações de que a Terra fosse chamada de Mãe
Terra, "pois terra a gente vende, troca, usa , mas mãe não, mãe a gente cuida
e respeita”.
Para tomarmos como exemplo, Boff citou Itaipu como empresa
que respeita, reconhece e defende a Carta da Terra, cuida da natureza, respeita
a sustentabilidade e propõe um novo tipo de relacionamento com a natureza.
Encerrando sua intervenção, o teólogo defendeu a Carta da
Terra como uma nova forma de reencantamento do mundo - onde se está vivendo
tamanha desolação – e como uma ferramenta poderosa que mostra que ainda vale a
pena viver.
A atividade foi realizada, entre outros, pela Associação
Civil Terrazul.