Cumaru, Amazônia. Foto: Alice para o livro de Luiz Morais |
Há algum tempo comecei a olhar as cores que aparecem em fotos. De modo geral, só temos quatro cores na tabela chamada CMYK (para impressão gráfica): cyan (azul), magenta (rosa-choque), yellow (amarelo) e key (em inglês: chave, mas é o preto). Há também a luz que ao zerar as porcentagens das quatro cores obtemos o branco. E só. O resto: tonalidades.
A mistura destas cores pode determinar as tonalidades de pele de um povo e também de sua classe social.
É só olhar a manchete e a foto de um jornal ou revista.
Exemplos:
- milhares de manifestantes antichavistas protestaram na Venezuela. Qual a cor predominante dos manifestantes que apareceram na foto? Branca.
- qual a cor da maioria do povo venezuelano? A mesma de qualquer indígena e da grande maioria latino-americana.
O mesmo ocorre na Bolívia, Brasil, entre outros países da América Latina e Caribe.
Em maio de 2010 fui ao Pará. A maioria que tem a cor do caboclo e a cor indígena (quase a mesma, por sinal) era favorável à construção da Usina de Belo Monte. Seria interessante fazer um plebiscito entre os moradores do estado.
Com o Código Florestal é o mesmo: quem é contra, tem a cor do sol queimando sua pele; tem a cor dos sem-terra, dos acampados, da via campesina, dos pequenos agricultores rurais; cor do sertão; cor de quem vive no mato e gosta do cheiro da terra; cor do indígena; cor do tronco da árvore que precisa ser protegida; e a cor da maioria das (os) brasileiras (os). Não tem a cor dos ruralistas favoráveis ao tal código que, por sinal, é até pálida - do campo recebem muito, mas não trabalham lá.
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