Em 2006 tentamos fazer uma reforma ecológica em nosso apartamento, com uma "empresa sustentável". O resultado está abaixo e neste domingo publicaremos as fotos do desastre:
A reforma do apartamento que virou um "desastre ambiental"
Depois de quase nove anos morando no mesmo apartamento (Rua Santa Madalena, 220, apto 34-B, Bela Vista, São Paulo-SP), finalmente decidimos investir nossas economias para realizar a sua reforma. A pintura, que nunca sofrera reparos, estava totalmente desgastada; o carpete de madeira da sala havia estufado; o gesso do teto do banheiro estava caindo; e o piso da cozinha tinha estourado. A reforma era inadiável!
Por nossos compromissos com a questão ambiental e também por problemas de saúde (sinusite e rinite), optamos por contratar os serviços do Idhea (Instituto para o Desenvolvimento da Habitação Ecológica, de propriedade do Sr. Marcio Augusto Araújo, situada na Rua Ribeiro de Lima, 289, Bom Retiro, São Paulo, fone 3227-4742). Notícias da mídia, acessadas na página da própria empresa ( www.idhea.com.br), davam garantias da sua credibilidade. A publicidade do instituto era sedutora. Puro engodo.
O que era para ser uma reforma "ecologicamente correta" tornou-se um verdadeiro pesadelo, o que nos obrigou, inclusive, a sair do nosso apartamento e alugar um outro (ao custo de mil reais mensais, mais o condomínio de R$ 498,00 e IPTU de R$ 81,01) desde janeiro último. Nossa vida virou um inferno desde que contratamos o Idhea, em novembro de 2006. A empresa nos prejudicou gravemente em três quesitos.
1- Atraso da obra.
O acordo previa a conclusão da reforma num prazo de, no máximo, dez dias, de 11 de novembro até o dia 20 do mesmo mês. Dada à dimensão da obra, tivemos que nos mudar provisoriamente para uma casa da família no litoral para reduzir nossos gastos. Para nosso desânimo, a cada dia parecia que a reforma seria eterna. Não avançava. De acordo com o zelador do prédio, os responsáveis pela obra faltaram vários dias.
Passado o prazo combinado e encerrada a licença no trabalho, fui obrigado a viajar 16 dias do litoral para a capital e vice-versa – conforme atestam bilhetes de ônibus, recibos de táxi, boletos de avião (fiz quatro viagens no período) e recibos de hotéis (fui forçado a me hospedar fora duas vezes). O custo do calvário foi de cerca de R$ 1.200,00. Só conseguimos retornar ao nosso apartamento, meio que na marra, no dia 6 de dezembro – exatos dezesseis dias depois do apalavrado com a irresponsável empresa Idhea.
2- Desacato no prédio.
Além de abusar da nossa paciência, a empresa ainda desacatou os funcionários do prédio e prejudicou os nossos vizinhos. Em função da ausência de profissionalismo e planejamento, os responsáveis pela obra fizeram barulho após o horário estipulado pelo condomínio; lambuzaram de tinta e resina os elevadores; sujaram paredes do corredor; e, pior, trataram de forma discriminatória e preconceituosa os funcionários do prédio – que já se comprometeram a ser testemunhas de acusação contra a malfadada Idhea.
A moradora do apartamento do piso inferior, 24-B, com um filho de apenas três anos, teve de se mudar para a casa da mãe durante quinze dias. Não agüentou o barulho da lixadeira elétrica, que infernizou sua vida a altas horas da noite. O zelador do prédio, que registrou estas e outras irregularidades, também está disposto a prestar depoimento atestando o desacato aos funcionários e o desrespeito aos moradores.
3- Destruição do apartamento.
Se todo este inferno não bastasse, quando retornamos ao apartamento, constatamos que ele estava pior do que quando o deixamos. O piso de resina já apresentava manchas, bolotas, buracos e saliências, o que só pioraram desde então. Já a "pintura ecológica" produziu um "fenômeno da natureza". Além de apresentar várias rachaduras, ela concentra umidade no teto e fica pingando de forma intermitente. Os lençóis e o estofado do sofá ficaram marcados pela "tinta ecológica".
No caso do banheiro, os "profissionais" do Idhea nem sequer retiraram o piso anterior e passaram a resina ecológica por cima, deixando visíveis as marcas da cerâmica. Na cozinha, eles não cumpriram o acordado de reparar o piso. No caso dos rodapés, a tinta continua úmida e pode ser retirada com um simples toque de dedo. Já no banheiro, o revestimento de gesso no teto, que estava precário, agora simplesmente piorou. Além destes desastres, eles ainda destruíram o armário do quarto e as plantas da varanda.
Danos materiais e morais
Estes fatos já foram constatados por vários amigos, vizinhos e funcionários do prédio e, também, por um perito – que até fez várias fotos. Indignados, todos se disponibilizam a ser testemunhas. Por sugestão da nossa advogada, ainda não mexemos no apartamento para que os peritos da Justiça possam registrar os graves danos. Desde janeiro passado, residimos em outro apartamento, já que o nosso ficou inabitável.
Somando o que pagamos pela matéria-prima "ecológica" (R$ 2.120,00), mais uma parte da mão-de-obra (R$ 1.100,00), mais os gastos com as viagens decorrentes do atraso (R$ 1.200,00), mais aluguel, IPTU e condomínio do outro apartamento nestes dois meses (R$ 3.158,00), os custos deste "desastre ambiental" já superam R$ 7.578,00. A cada mês que passa, eles aumentam com os gastos decorrentes do aluguel.
Além do ressarcimento destes prejuízos, segundo a nossa advogada, ainda temos o direito de exigir uma indenização por "danos morais", derivados do enorme desgaste sofrido nestes últimos meses. De acordo com sua interpretação da legislação de defesa do consumidor, essa indenização equivale a dez vezes o prejuízo direto – ou seja, R$ 75.780,00. É o que estamos solicitando formalmente à Justiça. Mais do que por uma mera razão econômica, o que nos motiva é barrar a ação de empresas fraudulentas, criminosas e irresponsáveis, ainda mais das que usam falsamente a justa bandeira da defesa do meio ambiente.
São Paulo, 08 de março de 2007
Sandra Luiz Alves
Celular (11) 7683-8689