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Sérgio Greif
01/10 Dia Mundial do VEGETARIANISMO!
Vegetarianismo é a corrente dietética que estipula a alimentação exclusivamente vegetal, com abstenção de todos os ingredientes de origem animal, mesmo aqueles que não resultaram diretamente na morte do animal. Pessoas que consomem frango, peixes, ovos, leite, mel, gelatina, cochonilha ou outros produtos de origem animal não são genuinamente vegetarianas.
O vegetarianismo é, portanto, um sistema de alimentação. Ele não necessariamente implica no reconhecimento dos direitos animais, podendo ser motivado por saúde, preferências pessoais, motivos religiosos e motivos ecológicos e sociais, entre outros.
Veganos são necessariamente vegetarianos, mas vegetarianos não são necessariamente veganos. A diferença encontra-se precisamente na motivação ideológica e no modo de vida. Vegetarianos não necessariamente boicotam cosméticos testados em animais, deixam de utilizar couro ou opõem-se ao uso de animais em outras formas de exploração.
Confusão em relação aos termos
Há uma confusão em relação aos termos “vegetariano” e “vegetarianismo”. Muitas pessoas sem conhecimento aprofundado sobre o assunto associam-nos a correntes dietéticas como o naturalismo e a macrobiótica; ou consideram que vegetarianos são aqueles que se abstém do consumo da carne vermelha, mas que podem consumir a carne branca, ovos, leite, mel, etc.
Uma outra definição errônea de “vegetarianismo” é aquela que cria uma classificação artificial que permite estratificar vegetarianos de acordo com os alimentos de origem animal que eles consomem ou deixam de consumir. Vegetarianos são definidos, assim, como pessoas que apenas não comem carnes de animal algum, podendo porém consumir leite (lacto-vegetarianos), ovos (ovo-vegetarianos), ovos e leite (ovo-lacto vegetarianos), mel (api-vegetarianos), além dos vegetarianos estritos que são tratados como “veganos”.
Nenhuma dessas classificações tem razão de ser. “Vegetarianismo” implica em abstenção e qualquer pessoa que não se abstenha não poderá ser chamada vegetariana.
Há, no entanto, um entendimento de que determinadas práticas podem levar uma pessoa a adoção do vegetarianismo. Praticamente todos os vegetarianos que não nasceram nessa condição passaram por um período maior ou menor em que abstiveram-se de determinados produtos de origem animal enquanto continuaram o consumo de outros.
Podemos considerar que uma pessoa que não consuma carne vermelha com frequência, mas esteja pensando no futuro abandonar também o consumo de frangos, peixes, ovos e leite; ou uma pessoa que já não consuma carne de nenhum tipo, mas ainda consuma ovos e leite, e que planeje em um futuro próximo tornar-se de fato vegetariana seja uma protovegetariana.
No entanto, o emprego desse termo “protovegetariano” deve ser realizado com cautela, pois em muitos casos a pessoa pode abandonar o consumo de carne vermelha mas aumentar em muito seu consumo de peixe; ou pode compensar o não consumo de carne de nenhum tipo com a adição de maior quantidade de laticínios à sua dieta. Há “ovo-lacto” convictos que sequer consideram a possibilidade de se tornarem vegetarianos. Nesse caso não há uma tendência ao vegetarianismo, pelo contrário.
Entende-se que o que se convencionou chamar de “ovo-lacto vegetarianismo” seja uma importante fase de transição em direção ao vegetarianismo, mas se a intenção do praticante não for a adoção do vegetarianismo a adoção dessa prática dietética não tem qualquer razão de ser. Ela não é compatível com os direitos animais, nem com um melhor estado de saúde, nem com a preservação de áreas naturais, nem com a melhor distribuição de alimentos. Trata-se apenas de uma preferência pessoal, sem qualquer ideologia associada.
O vegetarianismo pode estar associado ou não a outras práticas dietéticas. Assim, existem vegetarianos que são macrobióticos, vegetarianos que são crudivoristas, vegetarianos naturalistas, frutarianos. Embora em nível individual essas práticas possam se associar, elas não estão atreladas. Há, por exemplo, macrobióticos, naturalistas e crudivoristas que consomem produtos de origem animal e vegetarianos que consomem alimentos processados.
De que se alimentam os vegetarianos?
Vegetarianos alimentam-se exclusivamente de alimentos de origem vegetal: cereais, grãos, verduras, legumes, frutas, sementes e nozes. Embora cogumelos e leveduras não sejam taxonomicamente vegetais, eles são biológica e popularmente associados a vegetais e podem ser consumidos por vegetarianos.
A dieta vegetariana é adequada para satisfazer as necessidades humanas de proteínas, lipídeos, carboidratos, minerais e para a grande maioria das vitaminas. O vegetarianismo pode, igualmente, ser praticado por pessoas em todas as fases de sua vida: crianças, adultos, idosos, homens, mulheres, gestantes, atletas.
Porém, como na dieta convencional, os maus hábitos podem levar a carências ou excessos nutricionais. Por esse motivo faz-se necessário o consumo de alimentos em quantidade e qualidade adequados.
Vantagens da adoção do vegetarianismo
A principal motivação que leva à adoção do vegetarianismo é a ética. O vegetarianismo ético é uma forma de se alinhar comportamento alimentar com crenças e valores relativos aos direitos dos animais.
Embora essa seja a motivação, muitos são os benefícios advindos da adoção dessa corrente dietética. Muitos estudos mostram que o vegetarianismo está relacionado a uma melhor qualidade de vida e longevidade. Igualmente, vegetarianos padecem menos de diabetes, arteriosclerose, reumatismo, hipertensão, osteoporose, anemias, doenças cardíacas, doenças renais, doenças respiratórias, derrame, esclerose múltipla, alguns tipos de cânceres e obesidade, as principais causas de morte e incapacidade atualmente no mundo.
A abstenção do consumo de produtos de origem animal teria efeitos positivos também para o meio ambiente, reduzindo a pressão pela abertura de novas pastagens e campos para cultivo de alimento para animais, reduzindo o consumo de água, erosão do solo e produção de metano e outros poluentes.
Além disso, uma população vivendo de dietas vegetarianas possibilitaria o sustento de maior quantidade de pessoas em menor quantidade de terra, melhorando a distribuição de alimentos e reduzindo o problema da fome e da má distribuição de recursos.
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Sérgio Greif
Biólogo formado pela UNICAMP, mestre em Alimentos e Nutrição com tese em nutrição vegetariana pela mesma universidade, docente da MBA em Gestão Ambiental da Universidade de São Caetano do Sul, ativista pelos direitos animais, vegano desde 1998, consultor em diversas ações civis publicas e audiências públicas em defesa dos direitos animais. Co-autor do livro "A Verdadeira Face da Experimentação Animal: A sua saúde em perigo" e autor de "Alternativas ao Uso de Animais Vivos na Educação: pela ciência responsável", além de diversos artigos e ensaios referentes à nutrição vegetariana, ao modo de vida vegano, aos direitos ambientais, à bioética, à experimentação animal, aos métodos substitutivos ao uso de animais na pesquisa e na educação e aos impactos da pecuária ao meio ambiente, entre outros temas. Realiza palestras nesse mesmo tema. Membro fundador da Sociedade Vegana.
Olhar Animal - www.olharanimal.net
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