Informe derruba os mitos da indústria
Os cultivos transgênicos agonizam na Europa
No mesmo dia do lançamento de um novo estudo sobre a comercialização de transgênicos em escala mundial, patrocinado pela indústria, um informe de Amigos de La Tierra Internacional revela que os cultivos transgênicos continuam caindo visivelmente na Europa, ao mesmo tempo que aumenta o número de países que proíbem(1)
O informe “Quem se beneficia com os cultivos de transgênicos? (em inglês, publicado em http://www.foei.org/en/resources/publications/pdfs/2011/who-benefits-from-gm-crops-2011/view) demonstra que apenas em 0,06% dos campos europeus são cultivados transgênicos, que significa um descenso de 23% desde 2008. Em sete estados membros da União Europeia o cultivo de milho transgênico da Monsanto são proibidos, em função das evidências cada vez maiores de seus impactos ambientais e socioeconômicos, bem como da incerteza de seus efeitos sobre a saúde. O cultivo da batata transgênica da Basf é proibido em três países, por precauções sanitárias, após a aprovação de seu cultivo na primavera de 2010, e cinco estados membros levaram à Comissão Europeia porque os tribunais haviam autorizado(2). A oposição pública aos alimentos e cultivos transgênicos aumentou para 61%(3)
David Sánchez, responsável da agricultura e alimentação dos “Amigos de La Tierra España ” afirmou: “os cultivos transgênicos não têm nenhum futuro na Europa em função da forte oposição social, suas demonstrações em impactos ambientais, sociais e econômicos e pelos riscos causados à saúde. É lamentável que o governo espanhol não se dê conta e jogue com nosso meio ambiente, nossa alimentação e com o futuro de nossa agricultura”.
Em escala global, o novo informe demonstra que, inclusive, os países que mais apostaram por cultivos transgênicos na América Latina “foram forçados a tomar medidas para abrandar seus impactos negativos sobre a agricultura, a cidadania e o meio ambiente. Neste sentido, o governo brasileiro lançou um programa de soja livre de transgênicos para facilitar o acesso às sementes geneticamente não-modificadas aos agricultores; na Argentina, novas evidências científicas demonstram os graves impactos sobre a saúde do herbicida glifosato(4), utilizado mundialmente na imensa maioria dos cultivos transgênicos, o que levou à proibição da fumigação perto dos núcleos populacionais; e no Uruguai são cada vez maiores as administrações locais que se declaram livres de transgênicos.
A coordenadora da Soberania Alimentícia dos “Amigos de La Tierra Internacional ”, Kirtana Chandrasekaran declarou: “os agricultores e a sociedade latino-americana sofrem as conseqüências dos 10 anos de cultivos transgênicos, com graves implicações sanitárias e custos crescentes. Os mitos sustentados pela indústria dos transgênicos estão sendo derrubados e os estragos causados em toda a América do Sul mostram que esta tecnologia não serve. Esta é uma chamada mundial para a agricultura acordar e ser mais ambiental e socialmente responsável”.
O informe “Quem se beneficia com os Cultivos Transgênicos? Uma indústria baseada em mitos” demonstra que:
- uma nova geração de cultivos transgênicos concebidos para promover o uso do perigoso pesticida como dicamba e o 2-4 D estão na lista para serem liberados nos EUA. As multinacionais biotecnológicas estão provendo-os como a solução ao fracasso dos transgênicos que controlam as ervas ruins e para reduzir o uso dos pesticidas atuais.
- a indústria dos transgênicos, com o apoio do governo dos EUA, busca novos mercados na África em uma tentativa para aumentar sua cota de negócios. A Fundação Gates, que investe bilhões de dólares em projetos agrícolas na África, comprou ações da Monsanto, manifestando seu interesse direto para maximizar os benefícios da indústria de transgênicos e não para proteger os interesses do pequeno camponês africano.
Notas:
[1] Novo informe: “Quem se beneficia dos cultivos transgênicos? Uma indústria baseada em mitos” http://www.foei.org/en/who-benefits-from-gm-crops-2011/view
[2] Folha de dados dos Amigos de la Tierra Europa http://www.foeeurope.org/GMOs/download/FoEE_Who_benefits_fact_sheet.pdf
[3] Comissão Europeia (2010), Eurobarómetro: Informe sobre Biotecnología, outubro 2010 http://ec.europa.eu/public_opinion/archives/ebs/ebs_341_en.pdf
[4] Paganelli, A et al. Glyphosate-Based Herbicides Produce Teratogenic Effects on Vertebrates by Impairing Retinoic Acid Signaling, Chem. Res. Toxicol., 2010, 23 (10), pp 1586–1595 http://pubs.acs.org/doi/abs/10.1021/tx1001749
Texto traduzido de www.rebelion.org por Sandra Luiz Alves