Diante da injustiça, a covardia se veste de silêncio (Julio Ortega) - frase do blog http://www.findelmaltratoanimal.blogspot.com/

sábado, 27 de novembro de 2010

José Saramago: "Uma demonstração explícita e evidente"

Ou a razão, no homem, não faz mais do que dormir e engendrar monstros, ou o homem, sendo indubitavelmente um animal entre os animais, é, também indubitavelmente, o mais irracional de todos eles. Vou-me inclinando cada vez mais para a segunda hipótese, não por ser morbidamente propenso a filósofos pessimistas, mas sim porque o espectáculo do mundo é, na minha fraca opinião, uma demonstração explícita e evidente daquilo a que chamo de irracionalidade humana.
Andrés Sorel, José Saramago. Una mirada triste y lúcida, Madrid, Algaba Ediciones, 2007
In José Saramago nas Suas Palavras

GAIA: O PLANETA VIVO


Por James E. Lovelock
 
Novas evidências científicas mostram, a cada dia, que de fato a Terra é um superorganismo, dotado de auto-regulação. Como partes desses sistemas, porém, temos responsabilidade individual em mantê-la viva e saudável para as futuras gerações.
A idéia de que a Terra é viva pode ser tão velha quanto a humanidade. Os antigos gregos deram-lhe o poderoso nome de Gaia e tinham-na por deusa. Antes do século 19, até mesmo os cientistas sentiam-se confortáveis com a noção de uma Terra viva. Segundo o historiador D. B. McIntyre (1963), James Hutton, normalmente conhecido como o pai da geologia, disse numa palestra para a Sociedade Real de Edimburgo na década de 1790 que considerava a Terra um superorganismo e que seu estudo apropriado seria através da fisiologia. Hutton foi mais adiante e fez a analogia entre a circulação do sangue, descoberta por Harvey, e a circulação dos elementos nutrientes da Terra, e a forma como o sol destila água dos oceanos para que torne a cair como chuva e refresque a terra.
Essa visão holística de nosso planeta não persistiu no século seguinte. A ciência estava se desenvolvendo rapidamente e logo se fragmentou numa coletânea de profissões quase independentes. Tornou-se província do especialista, e pouco de bom se podia dizer acerca do raciocínio interdisciplinar. Não se podia fugir de tal introspecção. Havia tanta informação a ser coletada e selecionada! Compreender o mundo era tarefa tão difícil quanto montar um quebra-cabeça do tamanho do planeta. Era difícil demais perder a noção da figura enquanto se procurava e separava as peças.
Quando, há alguns anos, vimos as fotografias da Terra tiradas do espaço, tivemos um vislumbre do que estávamos tentando modelar. Aquela visão de estonteante beleza; aquela esfera salpicada de azul e branco mexeu com todos nós, não importa que agora seja apenas um clichê visual. A noção de realidade de compararmos a imagem mental que temos do mundo com aquela que percebemos através de nossos sentidos. É por isso que a visão que os astronautas tiveram da Terra foi tão perturbadora. Mostrou-nos a que distância estávamos afastados da realidade.
A Terra também foi vista do espaço pelos olhos mais discernentes dos instrumentos, e foi esta ótica que confirmou a visão que James Hutton teve de um planeta vivo. Vista à luz infravermelha, a Terra é uma anomalia estranha e maravilhosa entre os outros planetas do Sistema Solar. Nossa atmosfera, o ar que respiramos mostrou-se escandalosamente fora de equilíbrio, quimicamente falando. É como a mistura de gases que penetra no coletor de um motor de combustão interna, ou seja, hidrocarbonetos e oxigênio misturados, enquanto nossos parceiros mortos Marte e Vênus têm atmosferas de gases exauridos por combustão.
A composição inortodoxa da atmosfera emite um sinal tão forte na faixa infravermelha que poderá ser reconhecido por uma espaçonave a grande distância do Sistema Solar. As informações que ele transporta são evidência à primeira vista da presença da vida. Porém, mais do que isso, se a atmosfera instável da Terra foi capaz de persistir e não se tratava de um evento casual, então isto significaria que o planeta está vivo - pelo menos até o ponto em que compartilha com outros organismos vivos a maravilhosa propriedade da homeostase, a capacidade de controlar sua composição química e se manter bem quando o ambiente externo está mudando.
Quando, baseado nessa evidência, eu trouxe novamente à baila a visão de que nos encontrávamos sobre um superorganismo - e não uma mera bola de pedra -, o argumento não foi bem recebido. Muitos cientistas o ignoraram ou criticaram sobre a base de que não era necessário explicar os fatos da Terra. Conforme disse o geólogo H. D. Holland: "Vivemos numa Terra que é o melhor dos mundos somente para aqueles que estão bem adaptados ao seu estado vigente". O biólogo Ford Doolittle (1981) disse que para manter a Terra em estado constante favorável à vida precisaríamos prever e planejar, e que nenhum estado desse tipo conseguiria evoluir através da seleção natural. Em suma, disseram os cientistas, a idéia era teleológica e intestável. Dois cientistas, entretanto, pensaram de forma diferente; um deles foi a eminente bióloga Lynn Margulis e o outro o geoquímico Lars Sillen. Lynn Margulis foi minha primeira colaboradora (Margulis e Lovelock, 1974). Lars Sillen morreu antes que houvesse uma oportunidade. Foi o romancista William Golding (comunicação pessoal, 1970) quem sugeriu usar o poderoso nome Gaia para a hipótese que supunha estar viva a Terra.
Nos últimos 10 anos, tais críticas foram rebatidas - por um lado devido a novas evidências e por outro devido a um simples modelo matemático chamado Daisy World. Nele, o crescimento competitivo de plantas de coloração clara e outras de coloração escura em um mundo mágico mostra-se mantenedor do clima planetário constante e confortável face à grande mudança na emissão de calor da estrela do planeta. O modelo é bastante homeostático e pode resistir a grandes perturbações não apenas na emissão de calor como também na população vegetal. Ele se comporta como um organismo vivo, mas não são necessárias previsões ou planejamentos para sua operação.
As teorias científicas não são julgadas tanto por estarem certas ou erradas quanto o são pelo valor de suas previsões. A teoria de Gaia já se mostrou tão frutífera nestes termos que por ora pouco importaria se estivesse errada. Um exemplo, tirado dentre tantas previsões, foi a sugestão de que o composto sulfeto de dimetilo seria sintetizado por organismos marinhos em larga escala para servir de portador natural de enxofre do oceano para a terra. Sabia-se na época que alguns elementos essenciais à vida, como o enxofre, eram abundantes nos oceanos, mas encontravam-se em processo de exaustão em pontos da superfície da Terra. Segundo a teoria de Gaia, seria necessário um portador natural, e foi previsto o sulfeto de dimetilo. Agora sabemos que este composto é de fato o portador natural do enxofre, mas, na ocasião em que a previsão foi feita, buscar um composto tão incomum assim no ar e no mar teria ido de encontro à sabedoria convencional. É improvável que tivessem ido buscar sua presença não fosse pelo estímulo da teoria de Gaia.
A teoria de Gaia vê a biota e as rochas, o ar e os oceanos como existência de uma entidade fortemente conjugada. Sua evolução é um processo único, e não vários processos separados estudados em diferentes prédios de universidades. Ela tem um significado profundo para a biologia. Afeta até a grande visão de Darwin, pois talvez não seja mais suficiente dizer que os indivíduos que deixarem a maior prole terão êxito. Será necessário acrescentar a cláusula de que podem conseguir contanto que não afetam adversamente o meio ambiente.
A teoria de Gaia também amplia a ecologia teórica. Colocando-se as espécies e o meio ambiente juntos, algo que nenhum ecologista teórico fez, a instabilidade matemática clássica de modelos de biologia populacional está curada.
Pela primeira vez temos, a partir desses modelos novos, modelos geofisiológicos, uma justificativa teórica para a diversidade, para a riqueza rousseauniana de uma floresta tropical úmida, para o emaranhado banco darwiniano. Esses novos modelos ecológicos demonstram que, à medida que aumenta a diversidade, também aumentam a estabilidade e a resiliência. Agora podemos racionalizar a repugnância que sentimos pelos excessos dos negócios agrícolas. Finalmente temos uma razão para nossa ira contra a eliminação insensata de espécies e uma resposta para aqueles que dizem tratar-se de um mero sentimentalismo.
Não precisamos mais justificar a existência de florestas tropicais úmidas sobre as bases precárias de que elas podem conter plantas com drogas capazes de curar doenças humanas. A teoria de Gaia nos força a ver que elas oferecem muito mais que isso. Dada sua capacidade de evapotranspirar enormes volumes de vapor d'água, elas servem para refrescar o planeta propiciando-lhe a proteção solar de nuvens brancas refletoras. Sua substituição por lavoura poderia precipitar um desastre em escala global.
Um sistema geofisiológico sempre começa com a ação de um organismo individual. Se esta ação for localmente benéfica para o meio ambiente, ela então poderá se difundir até que acabe resultando um altruísmo global. Gaia sempre opera assim para atingir seu altruísmo. Não há previsão ou planejamento envolvido. O inverso também é verdadeiro, e qualquer espécie que afete o meio ambiente desfavoravelmente está sentenciada, mas a vida continua. Será que isto se aplica aos seres humanos agora? Estaremos fadados a precipitar uma mudança do atual estado confortável da Terra para um quase certamente desfavorável para nós porém confortável para a biosfera de nossos sucessores? Por sermos conscientes, há alternativas, tanto boas quanto más. Por certos caminhos, o pior destino que nos aguarda é sermos alistados como os médicos e as enfermeiras de um planeta geriátrico com a infindável e intangível tarefa de buscar eternamente tecnologias capazes de mantê-lo adequado ao nosso tipo de vida - algo que até bem pouco tempo atrás recebíamos gratuitamente por sermos uma parte de Gaia.
A filosofia de Gaia não é humanista. Mas, sendo avô de oito netos, eu preciso ser otimista. Vejo o mundo como um organismo vivo do qual somos parte; não os donos, não os inquilinos, sequer os passageiros. Explorar esse mundo na escala que fazemos seria tão tolo quanto considerar supremo o cérebro e dispensáveis as células de minerar nosso fígado em busca de nutrientes para algum benefício de curta duração?
Por sermos habitantes de cidades, ficamos obcecados pelos problemas humanos. Até mesmo os ambientalistas parecem mais preocupados com a perda de um ano de expectativa de vida devido ao câncer do que com a degradação do mundo natural através do desmatamento ou dos gases do efeito estufa - algo que poderia causar a morte de nossos netos. Estamos tão alienados do mundo da natureza que poucos somos os que conhecemos os nomes das flores e dos insetos selvagens das localidades onde vivemos ou percebemos a rapidez de sua extinção.
Gaia funciona a partir do ato de um organismo individual que se desenvolve até o altruísmo global. Envolve ação em nível pessoal. Você bem pode perguntar: "E o que posso fazer?" Quando procuro agir pessoalmente em favor de Gaia através da moderação, acho útil pensar em três elementos mortais: combustão, gado e motoserra. Devem existir muitos outros.
Uma coisa que você pode fazer, e isto não passa de um exemplo, é comer menos carne de boi. Agindo assim, e se os médicos estiverem certos, você poderá estar fazendo um bem a si próprio; ao mesmo tempo, poderá estar reduzindo as pressões sobre as florestas dos trópicos úmidos. Ser egoísta é humano e natural. Mas se preferirmos ser egoístas no caminho correto, então a vida pode ser rica e ainda assim consistente com um mundo adequado para os nossos netos, bem como para os netos de nossos parceiros em Gaia.
 
(O texto aqui apresentado constitui um excerto do capítulo 56 do livro Biodiversidade, organizado por E. O. Wilson. Lançada recentemente no Brasil pela Editora Nova Fronteira, a obra reúne artigos apresentados no Fórum Nacional Sobre Biodiversidade, realizado em Washington no ano de 1986 e que reuniu alguns dos maiores especialistas mundiais ligados à questão da biodiversidade. A tradução é de Marcos Santos e Ricardo Silveira).

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Mais uma estupidez humana




Copie, cole e assine: https://secure.humanesociety.org/site/Advocacy?cmd=display&page=UserAction&id=4757&autologin=true&s_src=hsiglobalemail&s_sub=112310firebullfiestas&JServSessionIdr004=f8j7fu4qt1.app304a

domingo, 14 de novembro de 2010

Minhocário doméstico

Como compostar o lixo orgânico, mesmo em pequenos apartamentos

 A compostagem é uma técnica milenar, praticada pelos chineses há mais de cinco mil anos. Nada muito diferente do que natureza faz há bilhões de anos desde que surgiram os primeiros microorganismos decompositores. Seguindo o exemplo da floresta, onde observamos que cada resíduo, seja ele de origem animal ou vegetal, é reaproveitado pelo ecossistema como fonte de nutrientes para as plantas que, em última análise, são o sustentáculo da vida terrestre. Pois bem, quando procedemos com a compostagem estamos seguindo as regras da natureza e destinando corretamente nossos resíduos.

Tradicionalmente a compostagem é vista como uma prática usual em propriedades rurais e centrais de reciclagem de resíduos. No primeiro caso é uma estratégia do agricultor para transformar os resíduos agrícolas em adubos essenciais para a prática da agricultura orgânica. No segundo é uma necessidade administrativa, que tem a intenção de diminuir o volume do material a ser gerenciado além de estabilizar um material poluente.

No espaço urbano existe a crença de que lixo deve ser recolhido pela prefeitura e despejado em algum local onde possa feder e sujar a vontade. Esta realidade perversa está sendo mudada, graças às ações práticas de alguns municípios e pelos avanços nas leis e normas ambientais em nosso país. Mas o que nós cidadãos podemos fazer em nossas casas para colaborar neste processo?

Uma coisa muito boa que podemos fazer em nossas casas e apartamentos é a compostagem. Diferentemente dos agricultores que precisam de adubos para os seus cultivos ou das prefeituras que precisam se livrar desse resíduos; nós em casa podemos começar simplesmente tentando diminuir a quantidade de lixo orgânico emitido para a prefeitura. É claro que só é possível isto em casas onde o lixo é separado.

Entre os muitos modelos de composteira existentes, destacamos os engradados de pvc (lembra das caixas plásticas usadas em supermercados para o transporte das compras?). Com dois ou três engradados podemos montar uma sistema de compostagem bem eficiente e que não ocupa muito espaço. Vamos ver isto passo-a-passo:

Como montar a composteira em espaços mínimos (sacadas e áreas de serviço)

1.    Forre por dentro um engradado de pvc (destes que usamos para carregar as compras no supermercado) com uma camada espessa de jornal bem úmido, mais ou menos 6 ou 8 folhas. Depois de acomodar estas folhas de jornal faça furos no fundo.

2.    Preencha o fundo deste engradado com composto já pronto e com minhocas. Faça uma camada de mais ou menos 10 cm de espessura. Nos supermercados e em floriculturas encontramos um produto genericamente chamado de húmus de minhoca. Um bom húmus sempre tem alguns ovos e filhotes de minhoca que sobrevivem ao peneiramento e à embalagem.

3.    Escolha no seu lixo orgânico algumas porções de cascas de frutas ou folhas de verduras, não muito.

4.    Enterre este material no composto. Isto vai servir para avaliar a quantidade de minhocas que existe neste material, já que elas serão atraídas pela comida (lixo orgânico).

5.    Cubra tudo com mais uma camada de jornal úmido. O jornal tem que estar sempre úmido, caso contrario roubará água do material que esta sendo compostado e este não ficará pronto em poucas semanas.

6.    Providencie uma tampa para o seu composto. Isto evitará a proliferação de moscas e baratas além de servir de barreira para um eventual rato.

7.    Agora uma parte bem importante! Observe por alguns dias quanto tempo as pequenas minhocas levam para comer uma determinada quantidade de lixo orgânico. Esta é a capacidade de reciclagem da sua composteira. À medida que as minhocas vão crescendo e se reproduzindo o consumo de resíduo orgânico vai aumentando. Uma minhoca vermelha do composto (Eisenia foetida) pode comer o próprio peso em um único dia, além disso com apenas três meses elas já estão se reproduzindo, podendo depositar um casulo a cada semana. Cada casulo desses pode gerar de quatro a doze pequenas minhocas que já nascem prontas para comer muito pelo resto da vida. Uma composteira doméstica pode ser considerada eficiente quando os resíduos orgânicos somem totalmente em menos de duas semanas. Outra técnica muito usada por jardineiros experientes para avaliar um composto é a quantidade de ruídos que este pode produzir. Difícil de acreditar? Então experimente, quando seu composto estiver produzindo um pequeno ruído que lembra um líquido escorrendo é sinal de que as minhocas estão trabalhando a todo vapor. Daí para a frente é um processo contínuo e crescente.
O que fazer quando a composteira está cheia

8.    O que acontece com as composteiras domésticas é que elas sempre têm uma quantidade de material pronto, uma parcela de material em processo de decomposição e uma porção diária de lixo orgânico ainda fresco. Isto dificulta bastante a coleta do material que já está pronto para o uso. Para este problema temos uma solução. Veja a seguir:

9.    Um engradado composteira vai sendo lentamente preenchido e as minhocas vão comendo e reciclando material de baixo para cima. Bem, um dia nosso engradado estará completamente cheio, com material já reciclado no fundo e lixo fresco junto à superfície. Isto é inevitável, mas uma maneira de contornar este problema é simplesmente forrar as laterais de um novo engradado e empilhar sobre o primeiro. Assim, dê continuidade ao processo colocando uma porção do composto cheio de minhocas no fundo do segundo engradado e siga o processo normalmente. Desta forma as minhocas continuarão trabalhando no sentido vertical e em algumas semanas a sua primeira caixa estará completamente reciclada e você terá mais ou menos 25 Kg de adubo orgânico de primeiríssima qualidade.
 
Onde colocar a composteira

10.
    A composteira de engradados de pvc não deve ser colocada em locais sem ventilação. Não devemos desperdiçar locais ensolarados com a comnpostagem que dispensa a luz solar; as plantas sim precisam dela. Os engradados de compostagem devem ser colocados sobre um suporte que pode ser desde de um simples e pouco eficiente jornal, até bandejas ou caixas que possam coletar e canalizar o chorume (líquido que escorre do composto) completamente. Um bom composto deve produzir muito pouco ou nenhum chorume. Mas quando regamos o composto no verão isto é inevitável. Por garantia podemos acomodar nossos engradados sobre uma bandeja plástica, de metal ou de madeira, de pelo menos 5 centímetros cheia de brita, cascalho ou areia bem grossa. O importante é que o composto tenha o mínimo contato com o chorume.

11.    Sofisticando um pouco mais podemos construir um suporte de concreto ou tijolos e cimento que tenha pelo menos 40 centímetros de altura e onde possamos encaixar os engradados. Devemos cuidar para tenha um dreno (furo) no fundo e então podemos preencher metade da altura com carvão vegetal (aquele que compramos para fazer churrasco) e logo por cima despejamos a mesma quantidade de brita, e por cima da brita acomodamos os engradados. Desta forma o eventual chorume escorre pela brita até a camada de carvão onde é desodorizado e ligeiramente filtrado. Evitando sujeira na sacada ou na área de serviço. Para composteiras feitas diretamente na terra este problema praticamente não existe já que o solo absorve o chorume.
O que pode ser compostado e como usar o composto gerado

12.    Praticamente qualquer coisa orgânica é passível de compostagem. Preferencialmente devemos usar os resíduos orgânicos vegetais crus gerados em nossa cozinha, os restos de comida podem e devem ser compostados, porém devemos lembrar que o sal pode diminuir a qualidade de nosso composto tornando-o mais salino do que o conveniente. Pensando ecologicamente o certo é não termos restos de comida, um pouco de organização pode evitar desperdícios e viabilizar a prática da compostagem domiciliar de forma totalmente eficiente. Mas quando não conseguimos comer tudo o que preparamos o destino mais adequado para os restos de comida é a composteira. Ossos podem ser compostados, principalmente os cozidos. Já a carne crua não é o melhor material pois pode cheirar mal dentro da composteira. O jornal e outros papeis velhos podem ser usados sem problemas, mas devemos lembrar que o jornal limpo se presta muito mais para a reciclagem (fabricação de um novo papel) do que para a compostagem. Então devemos usá-lo com sabedoria.

13. 
   A compostagem de resíduos sanitários (papel higiênico, fraldas, absorventes,...) fica reservada para experts em compostagem, quem sabe um dia!

14.    Após o composto estar pronto você pode usá-lo em suas flores, folhagens, hortaliças e temperos. Aplique de acordo com a necessidade de cada espécie de planta. Samambaias em geral e folhagens tropicais gostam de doses bem fartas de composto, algo em torno de um quarto do volume do vaso ou da floreira. Devemos repor um pouco de composto na superfície a cada estação, e depois de um ou dois anos é melhor refazer tudo (esta recomendação não vale para todas as plantas). Em gramados podemos usar até cinco quilos por metro quadrado no final do inverno e nas violetas no início de cada estação devemos aplicar na superfície da terra uma colher de sopa bem cheia de composto, misturada com uma colher de cafezinho, de farinha de osso (faça a sua com cascas de ovo ou compre uma de boa qualidade). Vale lembrar que plantas aromáticas gostam de solos bem drenados e com pouco composto (use a farinha de osso nestas plantas também).

15.    Um engradado de pvc é capaz de compostar o resíduo orgânico gerado por até três pessoas. Para uma família maior é só aumentar o número de caixas. É preferível fazer duas pilhas de engradados do que empilhar muitos. Se a família dispõe de um pátio com terra poderá optar por um modelo mais convencional de composteira feita de tijolos ou madeira. Tijolos bem empilhados podem gerar uma ótima composteira mas por segurança podemos uní-los com cimento ou barro bem amassado. Composteiras de quintal devem ser feitas uma ao lado da outra formando compartimentos que vão sendo preenchidos com resíduos orgânicos um de cada vez. Assim, as minhocas vão reciclando o material a cada compartimento preenchido, seguindo o mesmo procedimento anterior.

Ensine para as crianças e também para seus amigos que a compostagem domiciliar é uma continuidade da separação do lixo, e coopera com a coleta seletiva para a diminuição dos aterros sanitários e lixões. No composto as crianças poderão aprender muitas coisas sobre a natureza com os muitos tipos de pequenos animais e fungos que surgirão junto com as minhocas. Os ácaros, tatuzinhos, besouros, pequenas aranhas e tantos outros animais do composto são essenciais para este processo, eles formam um pequeno ecossistema que vai se equilibrando com o tempo. Até as formigas ajudam quando não estão em excesso. Como podemos ver a compostagem é uma prática interessante, viável na maioria dos espaços, e (por que não dizer?) um ato de cidadania, especialmente quando fazemos isto pensando em todo o nosso lixo orgânico que ao invés de feder e poluir vai gerar mais verde e mais vida. Não é incrível termos um pequeno ecossistema dentro de casa? Boa sorte!
 
Alexandre de Freitas
Fundação Gaia - Brasil -  defreitas.alexandre@gmail.comEste endereço de e-mail está protegido contra spam bots, pelo que o Javascript terá de estar activado para poder visualizar o endereço de email
www.fgaia.org.br

sábado, 13 de novembro de 2010

Natura é multada novamente pelo Ibama

Ibama aplica multa milionária
O Ibama autuou diversas empresas, nacionais e estrangeiras, em valor acima de R$ 100 milhões por biopirataria. Cerca de 60% dessas multas foram aplicadas à Natura, pelo uso não autorizado de patrimônio genético e de Conhecimento Tradicional Associado (CTA), que é o uso comercial de práticas exclusivas de comunidades brasileiras. A investigação envolve os órgãos ambientais, Ministério Público Federal, Polícia Federal e a até a Interpol, a polícia internacional, por envolver também tráfico de biodiversidade. Os autos, porém, são sigilosos, pois tratam de propriedade intelectual.
Por conta da autuação da Natura, o processo é carregado de conteúdo político. Guilherme Leal, um dos sócios da empresa de cosméticos, foi candidato a vice-presidente na chapa de Marina Silva (PV), que foi Ministra do Meio Ambiente no governo Lula.
As infrações teriam tido início com uma relativa permissividade do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGen) nos últimos anos, segundo uma fonte graduada do governo. O CGen é composto por 11 diferentes instituições do governo federal e é o responsável pelas autorizações para exploração comercial de patrimônio genético e CTA.
Quando Marina Silva deixou o ministério, cerca de 120 processos do CGen foram encaminhados para a fiscalização do Ibama. Desde o ano passado, o MPF-DF instaurou um inquérito civil para investigar “atos de improbidade administrativa e eventual favorecimento à biopirataria imputado aos membros do CGen”. São diversos inquéritos que avaliam os processos de pedido de licenças enviados ao Conselho e também suas concessões, ou não, de autorização.
A atual ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, já solicitou ao atual presidente do CGen e secretário de biodiversidade do ministério, Braulio Dias, que produzisse um projeto de reformulação do CGen. Há um grupo de estudos formado especialmente para tratar de gestão do patrimônio genético.
As comunidades e regiões onde os bens naturais são explorados, segundo uma fonte a par das investigações, são, normalmente, regiões em situação financeira precária. Em geral, as empresas interessadas na bioprospecção adquirem os imóveis das regiões onde querem explorar e formam uma associação com os moradores, muitas vezes por meio de Organizações Não-Governamentais (ONGs). Ocorre que, com ou sem a autorização, as muitas empresas são acusadas de manter a extração e a exploração dos bens naturais locais.
Na próxima reunião do CGen, na quarta-feira, está em pauta a discussão sobre um inquérito que envolve a investigação sobre a empresa estrangeira Natural Source International Ltda. O Ministério Público Federal pode levar esses casos para as esferas penal ou criminal, dependendo do evento. O mesmo pode ocorrer com as multas aplicadas pelo Ibama, se forem enviadas ao MPF.
As empresas foram autuadas entre os dias 28 e 29 de outubro e têm prazo de 20 dias para apresentar sua defesa ao Ibama. Nesta semana, representantes da Natura já estiveram na sede da entidade para retirar informações dos autos.
(Danilo Fariello, Guilherme Manechini e Guilherme Barros)
http://colunistas.ig.com.br/guilhermebarros/2010/11/12/ibama-aplica-multa-milionaria-a-empresa-de-vice-de-marina-por-uso-nao-autorizado-de-conhecimento-genetico/

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

ANDA: faça a sua doação

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http://www.anda.jor.br/ajude-a-anda-a-defender-os-animais/